Era sua última esperança. Já havia feito tudo o que podia.
A música já era um sucesso. Comentava-se por todos os lados.
Será possível que ela não escutava rádio? Será que ela não abria a caixa do correio?
Ele havia mandado um CD com a "demo" pra ela. De duas uma: ou ela havia jogado fora, ou nem havia escutado.
Ele não sabia o que era pior.
Olhou ao seu redor, apenas luzes e prédios. "Edifício Brandão Bueno", era esse o nome; pelo menos o nome que ele havia conseguido na redação que ela trabalhava.
Hesitou em sair do carro.
" E se ela não abrir a porta?"... " Ah, eu fico lá até ela abrir!"
Respirou. Logo o carro dela passou por ele. Escutava música alto e cantava.
Ela estava usando óculos?
Ficava tão séria de óculos.
Achava que não conseguiria enfrentar aquela situação com ela de óculos. Não mesmo.
" Vou embora".
Ligou o carro. Hesitou mais uma vez.
" Sou um covarde"- pensou.
"Não, não sou!" respondeu para si mesmo.
Num raio, saiu do carro e já estava na portaria. Informou seu nome ao porteiro, e disse para chamá-la.
E ele pode ouvir a voz dela dizendo.
" Pode deixar subir, Pedrão."
Ele gelou por dentro. A voz dela não havia mudado. Mas e os sentimentos?Entrou no elevador. Ela morava no oitavo andar. Oito era o número da sorte dela e dele.
Sentiu-se claustrofóbico de tanta ansiedade. Subir ao oitavo andar nunca demorara tanto. "Deveria ter subido de escadas"- pensou.
Chegou lá. No número em que o porteiro denominado Pedrão dissera.
Era agora ou nunca.
Tocou a campainha.
Ela abriu. De óculos evidentemente.
Sorriu.
Estava linda. Como sempre.
" Eu já esperava a sua visita. Entre..."
O apartamento dela era muito bonito.
" Elis e Naíma sairam. Quer tomar alguma coisa."
Ele permaneceu calado.
" Esqueceu a língua em casa?" ela riu.
" Desculpe, não sei nem o que dizer. Na verdade, não sie se deveria estar aqui."
Ela o fitou séria. E aqueles óculos, ah aqueles óculos causavam nele um frio na espinha.
" Posso pedir pra você tirar os óculos?"
" Pode, mas posso saber por que?"
" Você fica muito séria de óculos, me assusta."
Ela sorriu.
" Senta."
" Você recebeu o meu CD?"
" Recebi."
" E por acaso você ouve rádio?"
" Sim, ouço..."
" Então você sabe que a música que eu fiz pra você é sucesso, né?"
" Sei sim... é linda..."
" E?"
" Vá direto ao ponto..."
" Por que você não me procurou, quando soube da música?..."
" Não sei... Eu até pensei, mas..."
" Mas o que?"
" Não sei o que aconteceria..."
" Posso dizer uma coisa?"
" Pode..."
" Eu Te Amo Alice..."
" Sempre quis ouvir isso de você..."
(...)
quarta-feira, 4 de março de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário