domingo, 25 de maio de 2008

Com as próprias mãos

Passeando pelos blogs da vida, idéias concentradas ao alcance no meu click, tantas coisas, tantas bobagens e nelas, grandes verdades.
A autora contava um caso e citava as mulheres marionetes da vida. Pobrezinhas!
Elas se dizem modernas, independentes e auto-suficientes, mas não são nada sem as cordinhas pendurada em suas cabeças, mãos e pés.
Na cabeça, para dizer-lhes como pensar, agir e as pobres coitadas acham que são suficientemente inteligentes e dotadas.
Nas mãos, para que não se arrisquem em estragar as unhas, para dizer onde pegar, onde não, para metê-las onde não foi chamado.
Nos pés, para guiá-las por onde bem entenderem, e elas acham que andam com as próprias pernas.
Mulheres que se dizem resolvidas mas vivem um pensamento de uma sociedade patriarcal.
Sejam elas guiadas por seus maridos, pais, mães, pseudo-amigas, chefes, filhos.
Elas não saberiam andar no escuro sem uma lanterna, que elas dizem não existir.
Eu lhes digo " Uni-vos mulheres pensantes, acordai para a vida!"
Pois a vida é muita curta para que deixem que os outros tomem suas rédeas.
Construam seus mundos, mas com as próprias mãos.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Sempre esteve

Ela está longe, mas está aqui. Sinto o perfume, e nos raios do sol vejo seus fios de cabelos louros visivelmente claros e belos. É minha amada.
Transporta-se para onde estou. E seus belos cílios compridos vem arando minha saudade. Parece que são de boneca, e ela os roça em meu rosto e brinca. Seus olhos verdes são uma explosão misteriosa, sem nenhum barulho e cheia de ruidos que me levam além.
Seus pés, admiravelmente belos, mesmo quando não tem esmalte nenhum. Parecem de uma princesa, eu sempre digo.
Na verdade ela é uma princesa, a minha. Unicamente.
Seja num dia frio, numa cafeteria, estou só. Mas se fecho os olhos ela vem, chega sorrindo, pega na minha mão " Vivemos um no outro, lembra?". Está aqui.
Na praia, eu vejo o pôr-do-sol, e mesmo a quilometros ela chega dançando, enrolada nos sete véus de amor e ternura, trazendo sua vida, amaranhada nos cabelos soltos.
E voa sem tirar os pés do chão, mas leva pra perto do céu...
É o mais perto do Paraíso que eu posso chegar...
Ela está aqui....
Sempre esteve...

quarta-feira, 21 de maio de 2008

O que a gente escreve...

É tão bonito ler o que a gente escreve depois de um certo tempo. É como congelar o tempo em cada vírgula, cada linha, cada verso. É como ver aquela foto do aniversário de cinco anos e sentir-se extasiada de tantas saudades. Dá uma alegria boa, mostra coisas boas.
A gente lembra como se sentia naquele dia, e o que queria que os outros sentissem ao ler. E de repente, a gente sente o que queria que eles sentissem. Mas são brincalhonas essas palavras.
A gente lembra do gosto de cada palavra, seja ela azeda, seja ela doce. Lembra de como os dedos eram suaves no teclado, ou de como eram agressivos e mortíferos.
Como é bonito ler o que a gente escreve. A gente gosta mesmo de escrever, a gente que é poeta, frustrado na vida porque não sabe usar as palavras pra falar de como é sublime o amor. E mesmo se soubesse, nunca seria o bastante.
A gente que é poeta, é pateta, sente dor num acento agudo, veja só! Numa vírgula fica ansiosa. Num ponto de interrogação: ai, que dúvida!
Dois pontos é como: então.
Ponto de exclamação já se exalta de alegria, ou...
E as reticências...
Ah.....
...

terça-feira, 20 de maio de 2008

A burca


É assim, escondida, reprimida.
Oculta. Não tem culpa. É a política.
Não.
É a cultura.
Tem lábios que não falam.
Um nariz que não se mostra aos odores da vida.
Suas orelhas ouvem tão pouco. O suficiente para saber, calar.
Ousar?
Não.
Seus olhos veem um mundo quadriculado. Um mosaico, que se desfaz o chegar em casa.
Calada. Resignada.
Respeita, aceita.
Se confunde no meio de tantas. Preto, azul marinho, azul.
Só as mãos, só essas são nuas, despidas. Pintadas em dia de se despir.
Casamento.
São panos. Não sufoca.
Acostumou-se. É assim.
Seu exílio, seu mundo. Debaixo de panos.
Sonha, inventa, encanta.
São muitas diferentes, mas o mesmo nome.
Educa, escuta. Não fala.
A burca.

sábado, 10 de maio de 2008

Sutileza...

Toda sutileza em seu andar, as mulheres a sua volta queriam morrer de inveja, mas nada ela podia fazer se sempre fora uma verdadeira Lady.
Sentou-se numa mesa, estava sozinha. As cadeiras estofadas e as louças finas eram dignas daquele ambiente. Haviam muitas pessoas no hotel, belas mulheres bem vestidas, mas nem todas tinham a classe que ela tinha.
Com muita delicadeza mexia com a colher dourada o seu café, outras mulheres ao lado estranhavam uma mulher tomar café assim, se fosse tão fina deveria tomar chá, disse uma invejando a bela cor dos cabelos meio-soltos que ela usava. Seus belos cílios destacavam o verde de seus olhos, que passeavam discretos pelo salão.
Logo um homem muito belo, de expressão alegre aproximou-se da mesa. Deu pra ver cada ponta de alegria no sorriso dela.
" Desculpe o atraso, minha bela."
Ela sorriu.
" Eu esperaria o dia todo de fosse necessário."
E passaram a tomar café juntos, palestrar animadamente sobre assuntos que metade das finas mulheres desconheciam.
O que ele seria dela, perguntou uma delas.
As outras observavam bem e repararam o anel que eles usavam. São noivos, disse uma outra.
Eles continuavam conversando e sorrindo, como se a inveja no ambiente fosse completamente desconhecida para eles.
" Olhe, hoje vamos ao Louvre mais uma vez , tudo bem? É que descobri uma coisa que você vai adorar!"
Ela sorriu.
" Tudo que vem de você me agrada." E tomando uma das mãos delas ele sorriu.
" Eu já disse que te amo hoje?"
" Acho que não, meu bem." Ela riu.
" Desleixado... Te amo sabia?"
" Agora eu sei! Te amo muito, e não repare agora mas acho que temos uma legião de fans!"
Eles riram animadamente. Depois de algum tempo, eles levantaram e sairam de braços dados e uma das mulheres presentes, reconhecendo a classe do casal sorriu conformada:
" A sutileza é sempre muito chique mesmo!"

domingo, 4 de maio de 2008

Sementes...

Estive observando atentamente os humanos, e minha última missão fez com que eu triplicasse minhas lentes de contatos para eles. Sim, porque se vocês acham que nós, anjos, ficamos o dia todo na boa, nas nuvens, olhando o céu e voando com as estrelas, muito vocês se enganam.
Nós somos estudiosos, nós também trabalhamos. Sim, trabalhamos com amor e devoção para a melhoria da Terra e das Camadas Espirituais, tanto as elevadas, como as nem tanto elevadas.
Pois bem, eu estava na biblioteca local até que um superior me pediu para que eu fizesse uma pesquisa sobre Onde Germinam as Sementes de Deus.
Fiquei muito feliz por essa nova oportunidade e foi com empenho que desci a Terra para iniciar minhas pesquisas.
Fui a um grande centro de aglomeração humana, a Cidade de São Paulo, e lá de cima de um semafóro, onde só as crianças puras e pequeninas podiam me observar. Fiquei lá, observando e foi com grande tristeza que eu vi a ausência de esperança e carinho no olhar de um garoto, que com suas roupinhas rasgadas e sujas, fazia malabarismo com bolas de tênis.
Olhei no seu íntimo, e vi a tristeza e a amargura de só ter um par de chinelos e uma pequena família carente, irmãos passando fome e um mundo fechado para ele.
Esse foi o primeiro de dez que eu vi em um dia.
Saindo dali, me puis a vagar pelas ruas, onde muitas pessoas apressadas tropeçavam em outras que não tinham a menor pressa, e estavam caídas nas ruas, esquecidas de sua identidade e do tempo presente.
Na frente de um prédio, pessoas jogavam garrafas e latas num carro, pedindo justiça pela menininha que fora jogada do sexto andar, e não teve nem como se defender das agressões cometidas.
Vaguei por grandes empresas onde imaginei achar lá a tal semente, pois onde há dinheiro deveria haver prosperidade. Mas só o que vi foram pessoas que poderiam até ter o pão "material", mas o pão espiritual lhes faltava tanto quanto a comida no prato de uma mãe, que abriu mão de sua fome para dar de comer aos cinco filhos.
Vi jovens se drogando, mulheres se vendendo e tão triste, me puis de joelhos e pedi
" Oh Meu Pai, o que esses homens fizeram de tuas sementes?"
Foi então que eu vi passar, um casal sorrindo, fazendo planos para o futuro, e mesmo diante de todas as dificuldades demonstravam imenso amor e alegria.
Animado, fui atrás deles e quando dobrei a esquina pude ver duas crianças rindo, e mesmo meltrapilhas cheias de esperanças de uma vida nova.
Observei dentro de uma igreja mulheres que se reuniam para fazer casaquinhos de lã para as crianças do orfanato próximo, e um homem de negócios que tirava duas horas de seu sábado para ensinar religião as crianças carentes.
Fui me animando e percebi que apesar de toda a amargura que há na Terra as Sementes do Pai Germinam com alegria!
Seja nos corações de um casal apaixonado, seja no olhar de um estudando que batalha para ser alguém melhor, nas mãos de uma mãe que acorda as quatro da manhã para varrer as ruas só para dar aos filhos um prato de comida, no abraço de um irmão que perdoa um pai, de uma mãe que recebe uma filha depois de tanto tempo.
As sementes germinam em projetos educacionais, em escolas, em bons políticos, cidadãos de bem, no olhar de uma criança.
Ainda há muito mais para se fazer germinar, e eu se fosse você faria de tudo para fazer germinar uma belíssima árvore no jardim da vida!