sábado, 28 de fevereiro de 2009

E agora?


Alice está doente. Muito doente. É um câncer e receamos que o tumor seja maligno...
Por favor, Alice, não nos deixe...

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Olá Alice!

Ela voltou. Voltou mesmo sem ter sido convidada. Voltou mesmo que o Senhor, Senhor Coelho não deseje a volta dela.
Ela voltou sim.
Mesmo estando tudo de cabeça pra baixo, mesmo com a Rainha de Copas querendo arrancar-lhe a cabeça. Mesmo que as rosas do jardim não sejam vermelhas...
Mesmo que no Relógio do Sr Coelho não tenha um minutinho pra Alice.
Alice voltou. Voltou sorrindo. Estava com raiva, mas ela não consegue ter um sentimento ruim em relação ao Sr Coelho nem por dez minutos... Por cinco, até vai, mas por dez? Dez é demais.
Alice voltou com seus sapatinhos de couro brilhante e ilustrados. Com o cabelo louro e perfumado. Com fita nova, vestido azul de sempre e seu avental mais branquinho do que nunca.
Não posso dizer que Alice esteve longe, na verdade, pobre Alice, ela estava trancafiada e amordaçada no coração de uma menina que insistiu em aquieta-la.
Mas Alice fez um rebuliço e todos os dodos, todas as cartas, O Gato, todos os amigos de Alice vieram salvá-la. E a menina decidiu liberta-la para que ela deixasse falar a voz do coração... A voz de Alice...
Seja Bem-Vinda, Alice!

Não chore, Alice!

Por que você tinha que fazer isso?
Alice já não tem um príncipe encantado em sua história e você precisa repetir isso pra que ela ouça?!
Seu Coelho Desalmado! Veja só o que você fez!
Agora Alice está sozinha na calada da noite, chorando suas lágrimas mais doloridas...
E vai chorar, chorar, chorar, até se afogar nelas...
Pobre Alice...
Mas ainda acho que você possa fazer alguma coisa... Mas certamente você não o fará!
Pobre Alice....
Não chore Alice, as coisas vão melhorar!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Sem açúcar

Sabe quando você cai e se machuca? Quando você faz um corte e dói? Quando isso acontece é só fazer um curativo e tudo passa. Mas e quando o machucado é lá dentro do peito, quando o corte é no coração? Pode parecer subjetividade ou loucura, mas dói tanto quanto cair.
Não há Merthiolate ou Band-aid que apazigue um pouco essa dor traiçoeira.
Meus olhos constantemente molhados. Você vai ler isso e vai se penalizar, e vai doer em você também, como se fosse contagioso. Mas não é. Porque se fosse você não me machucaria, pois iria ferir o seu coração também.
Eu cansei de adoçar as minhas palavras pra não ferir as pessoas, principalmente aqui nesse blog. Eu escrevo o que eu quiser, doa a quem doer. Se doer em você, paciência. Eu costumo dizer para que as pessoas tenham cuidado com o que fazem comigo, ou na minha frente, pois elas podem ser meus próximos posts mesmo sem imaginar.
Então, se minhas palavras estão te machucando também, desculpe, mas isso é o efeito do que você causou.
Eu estive escutando músicas tristonhas durante todo o dia e cheguei a conclusão que as pessoas passam pelos mesmo problemas. É como se os compositores soubessem que a gente vai enfrentar " aquele" problema, e escrevessem uma música falando dele. Então, a gente iria procurar uma música pra nos confortar ia ver aquela que ele escreveu e ia pensar " Nossa, parece que esse cara passou pela mesma coisa que eu tô passando..."
Chega até assustar que em algumas músicas que a gente escuta até o dia coincide, não é? O cara fala de uma segunda-feira nebulosa, parece que ele está descrevendo "aquela" segunda-feira em que tudo era feio e escuro.
Eu procuro músicas que possam falar por mim. E elas falam. Falam melhor do que as palavras secas e camufladas nas quais tentamos nos explicar.
Na verdade eu queria acordar e ver que nada de ruim nunca aconteceu, e que eu vivia um pesadelo sem sentido.
Mas não é bem assim. É melhor encarar a realidade.
Da maneira que for, eu me amo acima de tudo e se eu tiver que ficar perdoando sempre os mesmos erros, e gastando minhas lágrimas pelos mesmos motivos, eu vou fazer minhas malas e vou embora. Eu não quero continuar triste assim. Eu não vou viver apenas na minha fantasia de ser feliz. Eu quero ser feliz de verdade!

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Confissões de Madalena


Eu esperava que as minhas superstições lhe fizessem acreditar em alguma coisa. Mas não.
Eu esperava que o seu violão pudesse compor alguma música com o meu nome, e logo todos diriam " que música linda que ele fez pra você Madalena!". E ela tocaria na Rádio Paulista e em tantas outras e todos diriam "Essa música o cantor fez para sua namorada", e logo todos conheceriam, e você ficaria famoso, e eu feliz! Porque antes já fizeram músicas com o meu nome, mas nenhuma delas saberia falar da beleza que você vê em mim.
Mas não! Nunca tocou nada com o meu nome, nem um Madá, nem um Lena... Nada com a intenção de deixar-me com o coração balançado, lágrimas nos olhos e um sorriso tímido.
Você diz " seu olhos... eles são uma chantagem", e eu bem que gostaria que você pudesse virar refém deles, mas você foge, você foge como um coelho foge de uma raposa. E eu sou a raposa.
Você tenta se explicar, como se houvesse explicação. Você vem dizendo teorias que você jamais acreditou, mas que agora elas lhe convem pois é uma saída pra me convencer de que você nunca escreveria uma música para mim! Madalena nunca seria um tema de uma canção romântica... Pelo menos nunca cantada por você!
Você vem dizendo que estamos em fases diferentes, e olhe bem, a data é a mesma, o ano o mesmo, 1976! Então como pode?
Quer que eu me encaixe na sua fase? Você sabe que eu tenho um jogo de cintura perfeito, isso seria fácil pra mim.
Sabe, essa noite eu sonhei que você morava num lindo castelo de pedra, e que você me disse que eu iria dormir lá com você, e haviam lindas flores no quarto, e um violão... Você iria fazer uma música com meu nome! Mas era apenas um sonho, pois quando acordei de madrugada, a única serenata que pude ouvir eram a dos gatos da vizinha brigando!
Você diz " Madá, se eu pudesse escolher uma mulher pra me casar, seria você!" Ora, então case! Você pode escolher! Então escolha!
Porque você faz suas escolhas, e suas escolhas fazem você!
E se quer saber mesmo, eu não vou ficar plantada aqui, ouvindo esse rádio morfético, esperando escutar alguma música de sua autoria que tenha o meu nome. Eu vou desligar meu rádio, talvez até quebrá-lo na parede.
Você sabe muito bem onde me encontrar...
Mas espero que quando você termine de escrever a última clave de sol da partitura de "Madalena", não seja tarde demais...

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Helena e eu

Foi quando Helena entrou em meu quarto, na flor de seus dezesseis anos, maquiagem borrada, sorriso apagado, lágrimas nos olhos.
" Mamãe, por que o amor machuca?"
Então eu me dei conta que a minha menininha, a minha Helena havia crescido. Sim, já não era mais a meninha dos sapatinhos de couro brilhantes e cor de rosa, não era mais a menininha que pedia bonecas ao papai de aniversário. Minha menininha crescera e estava sendo iniciada pela vida nas artes do amor.
O tempo passou, eu quase não percebei. Uma vez minha avó me disse que minha mãe sempre iria olhar para mim e enxergaria sempre uma menininha. Ela tinha razão.
Mas agora tinha que ver Helena com outros olhos, tinha que vê-la, observá-la, olhá-la e entendê-la como mulher, assim como minha mãe olhou-me quando precisei ser mulher.
" Filha, o que houve?"
" As pessoas tem medo de demonstrar o que sentem, principalmente esses moleques, que na frente da gente são uma coisa, na frente dos amigos são outra."
Eu me via em Helena. Os mesmos pensamentos. Reclamando dos moleques.
Helena sempre teve muito de mim, não só os olhos mas o jeito, a verdade nela é como a verdade é em mim. Verdadeira.
Então eu pude ver em Helena, seu primeiro raio de mulher. Estranho pois desde muito nova ela sempre mostrou uma mentalidade avançada, era um tanto precoce, no bom sentiodo é claro. Mas sempre foi muito a frente. E mesmo sabendo disso, só agora, que eu a via sofrer por amor de verdade é que eu via na minha pequenininha, na minha doce bebê uma mulher, uma mulher desapontada com o amor. Não queria que ela odiasse todas as rosas porque pegou em uma com espinhos.
" Filha, sabe, os moleques são assim mesmo. Não sabem como tratar uma mulher!"
" Eu sou uma mulher, mãe?"
" Sim filha, você é! Uma linda mulher... Você cresceu e eu quase não percebi que foi tão depressa."
" Sabe mamãe, queria encontrar alguém como o papai. Queria viver um amor como o seu, era tudo o que eu mais queria! Me espelho na sua relação com papai, é um amor de cinema!"
" Eu sempre sonhei ouvir isso de você, e fico muito feliz que você tenha crescido assistindo isso filha, mas sabe, mesmo os amores de cinema, mesmo eu e seu pai, nós sofremos antes sabe, enfrentamos muitas coisas dificeis juntos. E estamos aqui, sobrevivemos a tudo e o nosso amor não mudou... Mas pra gente chegar aqui, passamos por muitas coisas filha..."
" Eu sei mãe, eu vejo em vocês que o amor vale a pena, mas o Lucas é tão infantil..."
" O Lucas é um moleque filha, você sabe... E você não pode exigir algo que ele não tem: maturidade. É como exigir de uma criança de primeira série que lhe explique física. Foi um exemplo meio tonto, mas tenho certeza que você entendeu..."
" Eu entendi mamãe..."
Um suspiro. Helena deitou no meu colo.
" Crescer é dificil."
" Não só pra você, meu amor... Mas você consegue. Vai superar o Lucas, você vai ver. E você sabe, eu estou aqui pra tudo... Eu e seu pai, e sua irmãzinha..."
" Eu te amo mamãe."

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

O Pincel Mágico


Numa rica mansão no centro de Londres, uma doce menina de olhos redondos e azuis, feito duas bolinhas de gude, sorriso manso e olhar sereno sonhava com amigas que ela jamais teria.
Sarah era filha de um rico empresário e uma madame. Não frequentava a escola pois seus pais julgavam-na boa demais para frequentar um lugar de gente inferior.
Sarah tinha aulas particulares, e ficava o dia todo na mansão. Não tinha nenhuma amiga. Ninguém para dividir um segredo.
Então, um belo dia Sarah pediu a sua mãe que contratasse um pintor para reformar a pintura cor de rosa de seu gracioso quarto.
A mãe atendeu o pedido da menina. Sarah ficou esperando ansiosa a chegada do tal pintor, pois ela já tinha um pedido a fazer a ele.
Sarah sentou-se perto da janela, onde poderia observar o portão de entrada. Já passavam das duas horas da tarde, o pintor já estava chegando.
Então, como num passe de mágica, o pintor surge, trazido por uma nuvem lilás brilhante. Sarah fica encantada com o que vê, parece ser mentira!
O pintor se apresenta e a empregada leva-o até o quarto de Sarah.
Um rapaz muito novo, com um sorriso alegre e sonhador. Sarah fica olhando para ele admirada.
- Oi menina. Você gostou da minha nuvem?
Sarah não responde.
- Acho que isso foi um não. É, quando a nuvem era cor-de-rosa costumava ser mais bonita. Bom, você deve ser a Sarah, o que você quer que eu pinte?
- Ah, eu só queria um campo de flores.
- Mas flores ficarão paradas lá, e só terão perfumes. Você não quer um cachorrinho, ele seria bem legal para você!
- Mas qualquer pintura que seja ficará na parede!
- Não as pinturas feitas com o meu pincel mágico!
Então o jovem rapaz tirou do bolso uma caixinha de madeira comum, e retirou um pincel mais comum ainda.
- Ah, isso aí é um pincel mágico? disse Sarah num tom irônico.
- Sim menina, é um pincel mágico! Peça o que você quiser, um unicórnio, uma estrela, um baú cheio de doces! Quando você estiver sozinha, e desejar bem forte as figuras se tornarão reais!
Sarah mal podia acreditar no que ouvia! Um Universo de possibilidades mágicas bem ao seu alcance! Sarah não pestanejo:
- Quero uma amiga!
- Uma amiga?
- Sim! Eu não tenho amigas, sou muito sozinha aqui nessa casa. Não há ninguém pra brincar comigo!
- Uma amiga! Uma ótima escolha! Mas seria ainda melhor se fossem várias e fossem fadas!!!!
- Fadas!!!!
Então, o rapaz desenhou lindas fadas num jardim mágico nas paredes do quarto de Sarah.
Quando ele terminou a pintura, Sarah parecia decepcionada.
- Elas não vão sair daí?
- Vão sim Sarah, mas você precisa acreditar nelas primeiro, estar sozinha e desejar muito!
O rapaz então, desapareceu num passe de mágica.
Sarah fechou os olhos, desejou de todo seu coração que elas aparecessem!
Então, lindas criaturas aladas, de faces angelicais, sorrisos ternos e amor no coração foram saindo das paredes.
Desse dia em diante Sarah nunca mais ficou sozinha, era a menina mais feliz do mundo e pode finalmente dividir os seus segredos.