terça-feira, 28 de julho de 2009

Aeroporto

Os olhos dele procuravam o relógio de cinco em cinco minutos. Já estava a uma hora esperando. Nem o café, nem a revista, nem seus vagos pensamentos o entretiam. E sabendo do medo dela de voar, fez uma pequena pedido a Deus para que não tivesse acontecido nada.
Decidiu comprar um vinho no free shop, aliás uma noite na companhia dela era sempre digna de uma boa garrafa de vinho.
Na verdade fora comprar o vinho muito mais para disfarçar a agonia da espera do que qualquer coisa. E para entreter a si mesmo ficou imaginando como seria assim que ela colocasse os pés no chão.
Ele a braçaria com todo o amor que sentia, iria dizer que a amava muito e que já estava ficando agoniado com a espera. Logo em seguida, iriam comer algo em algum lugar que eles gostassem, depois iriam para o apartamento, e ela diria que não estava afim de desfazer a pequena mala que levara. Ele sorriria e a beijaria.
E de repente riu consigo mesmo, ele, logo ele, agora via-se fazendo planos.
Ele que sempre detestara forjar um futuro ou dar qualquer tonalidade para um quarto que seria pintado no seu presente momento.
Então sentiu seu celular vibrar. Era ela!
- Oi amor!
- Oi Amor, cheguei e cadê você?
-Eu tô indo te encontrar, fica aí.
- Não precisa, eu já tô te vendo.
Ele sorriu de satisfação ao observar pelo vidro, a sua amada com o celular e as malas, sorrindo de volta.
Abraçaram-se como se fizessem anos que não se viam.
- Eu já estava morrendo de saudades de você, amor!
- Eu também, minha linda. Já estava até preocupado, você não chegava logo!
- É, atrasou mesmo. Mas eu já estou aqui. E comprei uma camisa pra você!
- Você é linda! Agora, vem comigo que eu preciso pegar o vinho.
- Vinho?
- É. Eu comprei um vinho pra gente abrir.
- Por que?
- Ué, será que eu preciso de data especial pra comemorar a minha felicidade ao lado da mulher que eu amo?
- Eu te amo Noni!
- Eu também te amo, Noni!

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Por Amor...


Enxugando as lágrimas que caíram, retomando o sorriso na face, eu lhe ofereço o meu amor, Meu Amado.
Luz dos meus olhos, constante alegria de meu viver. Embora não queiras minhas palavras por ora, eu a vos ofereço como acréscimo de minha esperança.
E venho a sorrir, trazendo nos cabelos, pérolas. Pérolas que busquei nos Sete Mares só para te trazer.
Trago uma coroa de flores do Céus, pedi aos anjos que adornassem tua fronte e te ungissem de mel.
Trago estrelas que ousei roubar, que Deus me perdoe, mas eu queria provar-lhe meu amor.
E se eu morresse hoje eu voltaria do Vale da Morte para dizer-te o quanto o amo. Eu transcederia a morte para dizer que amo-te.
Eu aprenderia falar a língua dos anjos para cantar para ti as Canções dos Céus.
E mesmo que minhas palavras não toquem seu coração, mesmo que ele não queira me ouvir, eu ainda proclamarei por entre campos de lírios a grandiosidade desse sentimento que invade minha alma.
E o Senhor me escutará e saberá que nesse coração de tantos erros há um amor puro e verdadeiro, que viverá para a Eternidade, cultivando sua beleza, cuidando para que a chama não se apague...

Noite fria

Quando a serenidade irrita, quando a fragilidade incomoda. Quando dizer que se ama parece não ser o bastante.
Quando quero fazer as coisas corretamente, sem me exaltar, sem me exceder, apenas seguindo os Teus principios, fico a falar sozinha.
Que eu tenha força pra encarar todas as minhas dificuldades.
Que eu tenha fé para não desvanescer em lágrimas.
Que eu tenha serenidade em todas as situações.
Que eu tenha amor para sempre.
E que eu tenha a Ti ao meu lado!
Agora eu lhe peço, seca minhas lágrimas, envolve meu coração com Teu amor.
Afasta meus medos, pois me coloquei em Tuas mãos ainda hoje e pedi:
" Fazei de mim um instrumento de Vosso Amor!"
Por favor não me abadone, Amado!
Esteja ao meu lado, zela pelo meu sono, faz-me sonhar com coisas lindas, pois essa noite se faz fria, e me encontro sozinha. Por ora, só Tu poderás me ouvir.
Não me abandoneis...
Que assim seja.

..."Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte não temeria mal algum, porque tu estás comigo..."

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Caminhos do Amor

E tendo aquele valoroso homem sucumbido a doença dos imundos, buscou pelos chamados Homens do Caminho.
Caminhou por dias, bebendo água da chuva, comendo pedaços de um pão que levava consigo, que ao fim dos dias já estava tão duro quanto uma pedra.
Chorou a saudade dos filhos, da companheira bem amada que fora forçado a abandonar. Chorou os homens do Senado, que ao saberem do mal que o acometeu, repeliram-no como um cachorro sarnento, justo aqueles que lhe devotavam glórias e louvores.
Tendo sido reduzido a um pobre andarilho, depois de três dias de dura caminhada chegou ao destino.
Um sopro o levou a porta de uma casa, onde uma bela mulher abriu e sorriu.
- O que deseja meu bom senhor?
- Por favor, eu procuro os Homens do Caminho.
A moça sorriu.
- Entrai, meu bom homem. Essa é a casa que estiveste procurando.
O homem entrou cabisbaixo, em farrapos.
Ao aproximar-se de uma uma reunião, um deles apontou-lhe o dedo, em sinal de cólera.
- Veja, é Cornélius, o perseguidor! O que fazes aqui, tu, que muitas vezes atirou pobres homens inocentes aos leões? Buscas a ajuda do Cristo, mas vai-te embora e prova da amargura que tu mesmo plantaste.
Lagrimas grossas escorriam pela face de Cornélius, sentia todo o remorso e a humilhação no âmago. Virando-se para ir de encontro ao lamaçal e a sorte amargurada, a voz da moça se fez ecoar pelo salão.
- O que fazeis Júlio? O que aprendeste com o Mestre? O que Jesus nos ensinou? Será possível que não aprendeste nada, que o ranço e a cólera ainda tomam conta de seu coração? Cornélius pode ter sido um perseguidor, mas observai a história de Paulo e aprenda com ela! Paulo também fora um perseguidor, e tornou-se o Grande Convertido, tendo sofrido as mais amargas misérias terrenas em nome do Cristo! Se Cornélius está aqui é porque se arrepende, porque Jesus na Sua Infinita Bondade e Misericórdia fez com que ele viesse até nós. Como ele poderá ter encontrado a casa, sozinho? Foi o Sopro do Nazareno que o trouxe até nós! E veja como tu, que dizes ser um seguidor convicto de Jesus, fazes com o pobre homem que se humilha a nossa porta, pedindo por alento e suplicando a misericórdia divina! És um doente do espírito! Perdoai, pois, Cornélius! Ele também é um filho de Deus e irmão do Nosso Amado Jesus!
Lágrimas rolavam pela face de todos que pensaram em reprimir a vinda de Cornélius a casa dos Homens do Caminho.
Julio prostou-se de joelho e chorou copiosamente pedindo o perdão do Nazareno.
Logo, aproximou-se de Cornélius e sorriu.
- “Vinde a mim todos vós que sofreis, e eu vos aliviarei.” Eu mesmo cuidarei de ti, meu irmão! Seja bem vindo a casa do Senhor! Que a paz de Jesus se faça presente em vosso coração!

Boas árvores


Que o Grande Tupã ilumine os caminhos por onde pisarem seus pés. A natureza saúda com alegria e Sol todos aqueles que trazem a bondade e caridade em seus corações.
Não temas a escuridão, pois para aqueles que confiam no Grande Pai, as estrelas e a Lua, Jaci, brilhará forte, vencendo as trevas.
Que os homens aprendam com o segredo da natureza, a paciência.
Como ter uma boa e grande árvore se não cuidarmos dela ainda semente? Como ter uma boa e grande árvore se não regarmos com amor e justiça a planta pequena? Para ter uma boa e grande árvore deve-se esperar para que ela germine e cresça, e que a planta pequena torne-se uma pequena árvore, que, se cuidada com amor, sabedoria, caridade e bondade deverá ser o repouso nos dias de cansaço, o alimento nos dias de fome, a casa nos dias de falta de abrigo.
Aceitai como a boa árvore a chuva que molha. Mas aceitai também a chuva que arranca-lhe as folhas e faz balançar os vossos galhos mais fortes. Aprenda com a alegria e com a dor.
Sejam boas sementes, criem boas sementes. Boas sementes dão boas plantas, boas plantas dão boas árvores.
Sejam como boas árvores e nenhum lenhador ousará levantar o machado da injustiça para vos ferir.
O espírito da natureza levanta suas mãos para o Grande Tupã, agradecendo o dom da vida!
Que as palavras do Xamã ecoem por entres matas e cidades e faça-se ouvir por todos aqueles que quiserem escutar.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Da mais bela flor...

Da mais bela flor, do mais doce mel ela surgiu, inebriando meus olhos com a claridade de sua aura, tão clara como a chama de uma vela que teima em não se apagar, tão casta como uma perola recém saída da concha.
Poderia eu, tendo sido corrompido pelo mundo e suas facilidades me aproximar daquela doce criatura? Mesmo sendo jovem como ela, eu já conhecia os prazeres e os vícios da vida, mas poderia eu, ousar corromper pela minha própria vontade aquela candura, aquele anjo diante de meus olhos?
Sabia que ela não era qualquer garota romana e que pertencíamos a mesma família, mas o meu desejo mais profundo era tê-la ao meu lado, frágil e amorosa.
Que as mulheres que deixei no caminho me perdoassem, que os vinhos da taberna me entendessem, mas agora eu não precisava de mais nada.
Tudo que um dia eu sonhei, tudo que um dia eu pedi a Polux e Castor, estava diante de meus olhos, personificado numa menina, uma moça que trazia leveza de uma Fênix em seus passos, e a firmeza de uma Diana em seu olhar. Tão casta como a Lua e tão sedutora como a própria Vênus.
Meus olhos não me enganam. Ela é real.
Agora se aproxima de mim. E seus longos cabelos louros, caídos pelos ombros como cachoeiras douradas, decorado com perolas e flores, seus olhos verdes e doces olham-me de uma maneira impagável, com adoração e respeito, amor e ternura. O colo tão branquinho como uma pluma, e tão atraente como um cálice de vinho fresco. Ah, eu nunca vi nada tão harmonioso em minha vida. Eu já estive com as mais belas mulheres do Império, já me deitei nas camas mais luxuosas e mais perigosas que poderia, mas tudo sempre me pareceu tão vago e sem sentido.
Agora, eu a vejo sorrir pra mim.
Ah, eu a quero! Eu a quero muito! E posso ver nos olhos dela ela também me quer!