terça-feira, 5 de maio de 2009

Até os Anjos caem...


Eu pude ver daqui da Terra quando suas asas começaram a fraquejar. E não demorou muito, ele caiu.
Fui correndo em seu auxílio. Ele estava ali, caído.
Me aproximei, ele virou-se e olhou com um olhar de quem pede colo.
Era a figura mais linda que eu já tinha visto em toda minha vida. Seus olhos tão azuis como o céu, seus cabelos tão louros quanto os raios de sol daquele dia.
Abaixei-me ao seu lado, ele tinha a face machucada.
Um corte do lado direito do rosto, havia machucado as pernas também, ralado as mãos e arranhado o peito.
Seus olhos tinham lágrimas.
Aquela figura perfeita, pela primeira vez, mostrava suas fraquezas humanas diante de meus olhos.
As lágrimas desciam pelo seu belo rosto. O sangue foi aparecendo. Rasguei um pedaço do meu vestido e estanquei-o.
Um anjo sangrando?
Olhei para suas asas, estavam intactas. Menos mal.
Suas lárgimas continuavam descendo. Eu respeitava o silêncio dele.
Comecei a pensar que a minha vida toda eu imaginava que os anjos era perfeitos, que não tinham defeitos, nem fraquezas. Que não se machucavam, que não sangravam, que não sentiam dor. Eu sempre um anjo como o símbolo máximo da perfeição. Mas agora, tendo esse diante dos meus olhos, machucado e frágil, eu vejo que talvez, jamais pudesse imaginar.
Ele, antes de ser anjo, é um homem. Veja suas formas, veja seu corpo. Ele pode até voar, mas ainda sim, é um homem com asas, e homens se machucam, choram, tem defeitos, vícios e virtudes.
Pela primeira vez na minha vida entendia as coisas como elas realmente eram.
Ele, percebendo meus pensamentos sorriu.
" Você achava que os anjos não caem?"
Eu apenas, sorri. Ele entendeu.
Ajudei-o a levantar. Com um pouco de dificuldade, estavamos de pé.
" Venha, vou levá-lo pra minha casa e cuidar de você."
Ele sorriu. Um sorriso tão lindo quanto seus olhos. Pegou nas minhas mãos e ficou ali, parado diante de mim.
Eu sentia sua energia, sua vibração e sua luz.
Ele ainda estava machucado, mas o sangue, os cortes, a queda, nada disso fazia dele menos anjo! Ele ainda era um anjo. O mais lindo, o mais doce que poderia existir entre todos os anjos do céu.
Segurei as mãos dele com força, e olhei-o com carinho.
Sua asas emanavam uma luz lilás maravilhosa e divina.
Ele ainda precisava de curativos, ainda precisava de cuidados, mas agora eu entendia tudo, o porque da queda e o porque de eu estar ali bem no momento em que suas asas fraquejaram.
" Tudo o que você precisa é de amor!"

Um comentário:

Guilherme Jarreta disse...

O que ficou dessa história?
Simples! Em essência, somos todos anjos!
O que diferencia uma pessoa da outra?
A organização de sentido.
É ela quem determina o exercício da angelitude, assim como a possibilidade de demonstrar nossas imperfeições...
São as nossas escolhas que refletem o que sentimentos... é essa a arte de viver...
E a paixão? Onde entra?
A paixão á interação e a identicação com alguém ou com algo... que te leva pra cima, melhora, vive.. mas também pode nocautear... depende das escolhas que a gente, lembra?
No fim, então, a gente entende que as coisas independem de paixão. Dependem da verdade que a gente adota pra nós mesmos.. isso por si só derruba a idéia do outro como ser simbólico, como anjo, como perfeito...
E é exatamente isso que possibilidade perceber que o outro cai.. o caráter humano da coisa.. Já que na prática, são dois anjos conversando...
Só precisamos aprender a diferenciar de onde vai o limite da nossa individualidade e o que nos faz bem.. de resto, o mundo garante.. o mundo é só amor...
E é de amor que você precisa.. na demonstração e na sua imposição.. precisa ser anjo pra saber disso?
CLARO que não.. basta entender que você é gente.. alias.. boneca em forma de gente, rs...
Estou aqui, sempre, ta bom?
Bjão!