terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Entre o céu e o mar....


Clareava o dia na praia. Os primeiros raios de sol dançavam no horizonte em tom alaranjado, cor de rosa, azul clarinho, lilás, desenhando no céu lindas bailarinas da manhã, que com o surgir do grande astro por inteiro, iriam deixar o palco. O corpo de baile dos pássaros da manhã voava com graciosidade, causando inveja aos homens que tinham os pés presos no chão, e o corpo amarrado por uma estranha força chamada gravidade.
Pes descalços, ela caminhava ao som do mar, observando toda a beleza da manhã do litoral.
O cheiro de mar invadia sua mente a trazia lindas lembranças de uma infância dourada, regada com amor e areia.
Passeava pela orla, e as ondas beijavam delicadamente seus pés, trazendo uma sensação boa, de paz.
Ela caminhava e de repente parava. Parava só pra olhar aquela linha tênue que separava o céu do mar. Desde criança gostava de observar aquela linha. Parecia que o mar de o céu se encontravam ali, e tudo era mágico naquele lugar. Criaturas do ar e da água convivendo em plena harmonia. Anjos e sereias, ninfas e fadas... Corais e cometas. Estrela do céu e do mar....
Observava aquela linha e imaginava se algum marinheiro já havia ousado desvendar os seus mistérios, se alguém já havia navegado até lá pra descobrir como era.
Queria saber nadar, ou voar, só pra chegar até lá...
Lá tudo era belo, não havia fome, nem dor, nem miséria. Não havia lepra, nem tuberculose.
Respirou fundo. O ar lhe faltava. Tossiu. A toalhinha mais uma vez suja de sangue. Sentiu-se enfraquecer, já não aguentava mais aquele martírio.
Decidiu ir até a linha.
Entrou no mar onde a água batia pela metade das canelas. Não conseguiu ir mais longe do que isso, seu corpo não aguentava.
Então num ato de misericórdia, abriu os braços para o mar, suas lágrimas pediram repousou...
Um vento forte levou sua alma para sua verdadeira morada. O corpo, que por muito tempo servira de morada para sua alma já não servia. Estava fraco e doente demais para segurar aquele espírito tão bom, jovem , cheio de luz e vida.
Ela partiu. Voou rente ao mar, sentindo a maior sensação de paz que jamais imaginara existir.
Ela voou, voou, voou...
Voou até a linha. Sim, aquela linha que muitos dizem ser o limite para os sonhos, quando na verdade é lá que eles começam... Entre ó céu e o mar....

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