quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Helena e eu

Foi quando Helena entrou em meu quarto, na flor de seus dezesseis anos, maquiagem borrada, sorriso apagado, lágrimas nos olhos.
" Mamãe, por que o amor machuca?"
Então eu me dei conta que a minha menininha, a minha Helena havia crescido. Sim, já não era mais a meninha dos sapatinhos de couro brilhantes e cor de rosa, não era mais a menininha que pedia bonecas ao papai de aniversário. Minha menininha crescera e estava sendo iniciada pela vida nas artes do amor.
O tempo passou, eu quase não percebei. Uma vez minha avó me disse que minha mãe sempre iria olhar para mim e enxergaria sempre uma menininha. Ela tinha razão.
Mas agora tinha que ver Helena com outros olhos, tinha que vê-la, observá-la, olhá-la e entendê-la como mulher, assim como minha mãe olhou-me quando precisei ser mulher.
" Filha, o que houve?"
" As pessoas tem medo de demonstrar o que sentem, principalmente esses moleques, que na frente da gente são uma coisa, na frente dos amigos são outra."
Eu me via em Helena. Os mesmos pensamentos. Reclamando dos moleques.
Helena sempre teve muito de mim, não só os olhos mas o jeito, a verdade nela é como a verdade é em mim. Verdadeira.
Então eu pude ver em Helena, seu primeiro raio de mulher. Estranho pois desde muito nova ela sempre mostrou uma mentalidade avançada, era um tanto precoce, no bom sentiodo é claro. Mas sempre foi muito a frente. E mesmo sabendo disso, só agora, que eu a via sofrer por amor de verdade é que eu via na minha pequenininha, na minha doce bebê uma mulher, uma mulher desapontada com o amor. Não queria que ela odiasse todas as rosas porque pegou em uma com espinhos.
" Filha, sabe, os moleques são assim mesmo. Não sabem como tratar uma mulher!"
" Eu sou uma mulher, mãe?"
" Sim filha, você é! Uma linda mulher... Você cresceu e eu quase não percebi que foi tão depressa."
" Sabe mamãe, queria encontrar alguém como o papai. Queria viver um amor como o seu, era tudo o que eu mais queria! Me espelho na sua relação com papai, é um amor de cinema!"
" Eu sempre sonhei ouvir isso de você, e fico muito feliz que você tenha crescido assistindo isso filha, mas sabe, mesmo os amores de cinema, mesmo eu e seu pai, nós sofremos antes sabe, enfrentamos muitas coisas dificeis juntos. E estamos aqui, sobrevivemos a tudo e o nosso amor não mudou... Mas pra gente chegar aqui, passamos por muitas coisas filha..."
" Eu sei mãe, eu vejo em vocês que o amor vale a pena, mas o Lucas é tão infantil..."
" O Lucas é um moleque filha, você sabe... E você não pode exigir algo que ele não tem: maturidade. É como exigir de uma criança de primeira série que lhe explique física. Foi um exemplo meio tonto, mas tenho certeza que você entendeu..."
" Eu entendi mamãe..."
Um suspiro. Helena deitou no meu colo.
" Crescer é dificil."
" Não só pra você, meu amor... Mas você consegue. Vai superar o Lucas, você vai ver. E você sabe, eu estou aqui pra tudo... Eu e seu pai, e sua irmãzinha..."
" Eu te amo mamãe."

2 comentários:

Unknown disse...

(y)
uhashuauhs, gostei
ta lindo gabi

beijos

Juliana. disse...

"Não queria que ela odiasse todas as rosas porque pegou em uma com espinhos."

Lindo Ga, continue assim flor!