Num belissimo e requintado restaurante em Buenos Aires, Angélica e Miguel aguardavam para que o maitre os atendesse.
" Vocês tem reserva?"
" Sim, está aí meu senhor, Angélica Baville."
" Ah, senhorita Baville, mil perdões quase não a reconheci! Seu pai é um grande admirador de nosso restaurante, sempre que vem a Buenos Aires ele vem nos visitar!"
" Ah sim, por favor a melhor mesa! Queremos assistir o show de perto!"disse áspera e prepotente.
Miguel muitas vezes perguntava-se o que estava fazendo com aquela mulher que não raramente abusava de seu sobrenome e sua condição para sair por cima de todas as situações.
"Está tudo bem, Miguel?"
" Sim, querida."
Miguel levara Angélica para assistir o mais badalado show de tango de Buenos Aires. Falava-se muito de uma nova dançarina, cujo nome era Lola Hernandez. Juntamente com o show Miguel desejava pedir a mão de Angélica em casamento, embora não a amasse, o pai dela já estava fazendo muita pressão para que isso ocorresse, então, antes que ele se metesse, Miguel decidiu fazer tudo a sua maneira.
Angélica era uma mulher belíssima, herdeira de um patrimônio enorme e de um orgulho maior ainda. Sabia de sua beleza e seu dinheiro, e sentia-se acima de todas as hierarquias. Era louca de ciumes e amava Miguel, não deixaria que nada arruinasse seu amor doentio por ele.
Logo, violinos e luzes começaram a embriagar a platéia. Num feixe de luz ela surge, com uma tradicional e belissima rosa vermelha presa aos cabelos. Olhar baixo e tênue, sentindo cada nota musical em seu ser.
Ela sobe o olhar que vai de encontro a Miguel. Era como se aquele show já tivesse sido planejado por uma força maior. Ela fica parada por um segundo, e então dança apaixonantemente com o bailarino que a acompanha.
Miguel estava embriagado por Lola, e ela por ele. Todos os movimentos que ela fazia, pensava como se estivesse dançando com ele. Sem que Angélica percebesse ele fazia o mesmo.
E logo que o show de Lola terminou numa belíssima pose. Ele virou-se para Angélica e disse.
" Lhe trouxe aqui para comunicar-lhe sobre minha viagem para Londres. Ficarei algum tempo por lá, não sei quanto exatamente, não acho que seria conveniente mantermos um noivado a distância."
Angélica levantou-se furiosa, jogou uma taça de champagne na cara de Miguel.
" Você me paga!" e foi embora fuzilando ódio.
Ele esperou até que o último cliente fosse embora, e logo avistou numa mesa, sozinha, a belíssima Lola Hernandez, jantando sozinha.
" Desculpe miha petulância, mas poderia sentar-me com a senhorita?"
Ela sorriu.
" Claro."
" Desculpe-me mais uma vez, mas a senhorita deve ter recusado milhares de convites para estar jantado aqui sozinha."
" Nenhum deles valia realmente a pena." Bebeu um gole de champagne e sorriu. " O senhor tem olhos que eu conheço."
" Eu diria o mesmo. Me acompanharia por um passeio pela belissima cidade de Buenos Aires?"
" A essa hora?"
" Sim..."
Ela sorriu novamente.
" Sinto que já nos conhecemos, mas não saberia dizer se é daqui..."
" O que importa? O importante é que nós estamos aqui... Aqui e agora... Tem algo em você que me diz que tudo vale a pena..."
Ele segurou uma das mãos dela. Ela não disse nada. Ele entendeu. Apenas sorriram. Palavras não seriam necessárias. Eles se entendiam...
O começo ou a continuação de uma belíssima história de amor...
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